Luzias
Eram pouco mais de 07:30 da manhã quando os primeiros manifestantes começaram a chegar à frente do Solar da Baronesa, na Rua Direita, onde começaria dali a pouco, às 08h, a reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural para discutir o projeto do mega loteamento – quase 600 lotes – no terreno da antiga fazenda de Vicente Araújo, à beira do Rio das Velhas. O grupo de manifestantes foi crescendo. Entre eles, o jornalista José Carlos Santana, de cadeira de rodas, em consequência de um AVC, autor da ideia de transformar o lugar no Parque Vicente Araújo. Também estavam lá representantes de vários bairros, como Ponte, Frimisa, Camelos, Adeodato e outros.
Veja:
Quando a reunião começou, depois das 08:30, foi aberta pela secretária de Cultura, Joana Maria Teixeira Coelho Moreira, que estava acompanhada de técnicas da Prefeitura, vários representantes da Emccamp Residencial, empresa responsável pelo empreendimento imobiliário e um único vereador (são 17), Paulo Cabeção, membro do conselho, além de uma representante da vereadora Luiza do Hospital. Depois da fala inicial da secretária, o primeiro assunto da pauta: a breve apresentação da primeira fase ( serão três) do projeto de restauração da Casa da Cultura, em frente da Igreja Matriz. Já está aprovado. E custará cerca de 2.100 milhões. As obras, segundo a secretária, serão oficialmente iniciadas no próximo no dia 7 de Setembro e terão a duração de nove meses.(Mas esse é um assunto para outra matéria).
Vamos nos deter aqui ao projeto imobiliário Cidade Jardim, apresentado aos que estavam no auditório do Solar pela arquiteta e urbanista Mariana Ramos Borges, da Prefeitura. A apresentação foi interrompida várias vezes porque os moradores tinham muitas dúvidas. E sobre os impactos da obras na cidade, você não vai falar? Indagaram. Ela respondeu que esse assunto não era de sua competência, mas de pessoas de outra área. E seguiu dando explicações. Antes disso, a advogada Ana Andrade, da OAB, conselheira, já havia assegurado que o projeto não seria votado nesta quarta-feira, argumentando que a reunião havia sido convocada apenas para discutí-lo e não para aprová-lo. A secretária, então, convocou para a semana que vem uma nova reunião, na qual espera a aprovação.
Veja um trecho da apresentação:
Falando do projeto, um dos aspectos levantados é a altura das edificações previstas para determinadas partes do terreno. Falou-se em construções de no máximo dois andares, para não atrapalhar a vista da igreja do Rosário e da matriz. Mas estas determinações podem ser acatadas agora e ser revistas depois, como aconteceu com o bairro Boa Esperança, onde os moradores estão sofrendo com a construção desenfreada de prédios.
No meio da reunião, pressionado pelas declarações que deu durante a reunião virtual da Câmara que discutiu o empreendimento, Paulo Cabeção, vereador pelo Bom Destino, tentou se defender, dizendo que ainda não viu nada de errado no projeto. E repetiu várias vezes que o terreno é particular. Sendo assim, na visão dele, não há o que fazer, “a não ser que os moradores comprem o tereno”, cujo valor é de 50 milhões de reais.
As discussões se estenderam até perto das 11 horas.Durante todo o tempo a secretária fez questão de ressaltar que o conselho estava deliberando somente sobre o impacto cultural e patrimonial do mega empreendimento. No entanto, houve várias manifestações argumentando que a cultura e o patrimônio sofrem impactos de outros fatores, como do meio ambiente.
As consequências das enchentes, que alagam a parte baixa da fazenda e, sobretudo, da Ponte, por exemplo, não foram sequer mencionados, como queixou-se a ex-secretária de Cultura, Sandra Gabrich, moradora do bairro. Sandra lembrou, que só na Rua Felipe Gabrich, uma das mais afetadas na época das chuvas, há quatro casas tombadas pelo Patrimõnio Histórico.
Já quase no final da reunião, hora em que os representantes da Emccamp iam dar suas explicações sobre o projeto Cidade Jardim, uma boa parte da audiência se levantou , agradeceu e se retirou. “Se estamos lutando para criar um parque na antiga fazenda e já conhecemos o projeto da Emccamp, não há sentido em continuarmos aqui”. disse uma das participantes, completando: “Vamos seguir com a nossa luta pela criação do Parque Vicente Araújo. ontinuaremos mobilizando os moradores. Nada nos deterá.”
“Projeto de construir 537 habitações pode destruir área verde do centro de Santa Luzia“
“Na volta do ginásio, era o maior prazer atravessar a fazenda de Vicente Araújo”
Somente unidos conseguiremos impedir o loteamento da fazenda de Vicente Araújo
Vereadores defendem loteamento na antiga fazenda, mas desconhecem projeto
2 Comments
Rosa Werneck
25 de agosto de 2021, 17:44Parabéns, nossa luta irá continuar!!!
REPLYMaria Anésia Elias Dias
25 de agosto de 2021, 20:58O homem pensa que a natureza não cobrará depois e vai destruindo e mudando seu rumo para lucrar. Quando estiver morrendo afogado ou por outros danos, não chore. Será tarde demais…
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