Natal: dois contos para celebrar a magia do reencontro

Natal: dois contos para celebrar a magia do reencontro
O reencontro com as raízes -Modestino Eloi Filho, de 80 anos, comemora a possibilidade de se reunir novamente com a irmã Maria do Carmo, de 94, e reviver lembranças e tradições de família, como o presépio GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS

Noite Feliz de encontros, reencontros, abraços, votos de paz, sorte e saúde. Natal inspira harmonia, atrai bons sentimentos, desperta emoção. Nesta data tão especial para a humanidade, independentemente da crença de cada um, muitas famílias mineiras têm motivo de sobra para celebrar. 

Residente em São José do Rio Preto (SP), Modestino Eloi Filho, de 80, estará ao lado da irmã Maria do Carmo, de 94, em Santa Luzia (RMBH). Já na capital, Warlen, de 50, em recuperação do transplante de rins, vai comemorar com a mulher e o filho.

A todos eles, e a todos vocês, leitores, nossos votos de Feliz Natal! E fé na vida – com boas surpresas, encontros e muitos reencontros, sempre recheados de histórias para lembrar e contar.

Gustavo Werneck

Estado de Minas

Depois de muitos anos, os irmãos Maria do Carmo de Oliveira, de 94, e Modestino Eloi Filho, de 80, vão passar o Natal juntos. “Puxa! Quanto tempo isso não acontecia. Temos muitas histórias para contar e lembrar. Vai ser bom demais encontrar também outros familiares!”, afirma Modestino, desde criança conhecido por Tino.

Morador de São José do Rio Preto (SP), Tino chegou na manhã de segunda-feira a Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde mora Maria do Carmo, que todos conhecem por Preta de Modestino Eloi –vale lembrar que, na cidade, o nome dos pais vale mais do que o sobrenome. “Nasci e fui criado aqui. Em 1971, fui para São Paulo, casei, hoje tenho dois filhos e quatro netos”, conta o mineiro que, há cinco anos, ficou viúvo. “Muitas lembranças, boas e tristes, surgem no Natal. Mas precisamos celebrar a vida”, acrescenta Preta.

Antes de ir para São Paulo, Tino jogou no Cruzeiro, numa época de ouro do clube. Em 1966, era médio-volante (atual meio-de-campo), reserva do célebre Wilson Piazza. “Mas ele não machucava de jeito nenhum… aí eu ficava no banco”, brinca. Aposentado, Tino trabalhou como representante comercial de uma empresa médica.

VOZ E VIOLINO Na casa da Rua Santana, uma das mais antigas da tricentenária Santa Luzia, o presépio está pronto, feito com todas as tradições por Preta e o sobrinho Evandro Lara. Ao fundo, há um painel de anjo, do lado esquerdo, um quadro de Jesus Cristo. Uma das fundadoras do Coro Angélico do Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, onde cantou durante décadas, e violinista, Preta, servidora pública aposentada, conta que o Menino Jesus só irá para a manjedoura à meia-noite de hoje, conforme aprendeu quando criança.

“Quem fazia o presépio era minha irmã, Maria Matilde, a Biruca, já falecida. Depois fiquei com a responsabilidade”, diz a luziense, que, nesse momento, mostra uma imagem do Menino Jesus. Esse é o momento perfeito para registrar o encontro dos irmãos, ambos sorridentes, revivendo histórias e saudando a vida com alegria.

VOLTA PARA CASA Em Belo Horizonte, o grande reencontro de Warlen Soares dos Santos, de 50, é com a saúde. Ao lado da mulher, Carla Cristina Rocha Neves dos Santos, vendedora, e do filho Igor Lucas Rocha dos Santos, de 22, consultor de beleza, o Natal dele chega em tom de celebração da vida. “Não tenho nada a lamentar, só mesmo agradecer a Deus. Estou junto da minha família, e isso é o mais importante. Nada melhor do que voltar para casa.”

Na semana passada, Warlen, que é aposentado, teve alta na Santa Casa BH (100%), onde ficou hospitalizado por nove dias, depois de se submeter ao segundo transplante de rim. “Saí do hospital perto do Natal, e isso me deixa muito alegre. Alegre também por ter sido contemplado com um rim. Tudo está nas mãos de Deus…e Deus tem
Seu próprio tempo”, explica o morador do Bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de BH, com uma ressalva: “Estou me recuperando, e pena que ainda não posso comer de tudo na ceia.”

Em 2017, o aposentado fez o primeiro transplante. No entanto, a cirurgia não produziu o resultado esperado, e ele voltou para as sessões de hemodiálise. “Agora, vai dar tudo certo. Tenho força de vontade. Comecei a trabalhar aos 15, quando ainda era permitido por lei. Perdi a visão do olho esquerdo, mas jamais perdi a força de vontade. Então, nesta noite de Natal, só peço o melhor para mim, minha família e todo o mundo”, destaca Warlen, ao lado de Carla Cristina e da sogra, Elizabete Rocha Neves.

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